Mulheres Pintoras no Brasil

As artes plásticas brasileiras do século XIX veio confirmar a brasilidade no contexto sócio cultural nacional, da mesma forma que, na área literária, Machado de Assis conduziu a literatura brasileira a reconhecimento até mesmo na esfera internacional.

Machado, o menino pobre e mulato, nascido no Morro do Livramento, vizinho ao Morro da Conceição, onde provavelmente Tarsila do Amaral pintou uma das mais destacadas obras do modernismo brasileiro, “O Morro da Favela” de 1924.

Da mesma forma devem ser vistas as artistas que se projetaram no decorrer do Século XIX, contemporâneas de Machado, verdadeiro cronista da vida citadina do Rio de Janeiro, como Abigail de Andrade, com a expressiva obra “A hora do pão”, onde reproduz com enorme autenticidade cenas de um Rio romântico, em que o cotidiano representava um jeito tranquilo de viver.

Francisca Manoela Valadão, por sua vez, pintou “Cena de Mercado” em que cores vibrantes ressaltavam a nossa tropicalidade, escrevendo com os pincéis a história do cotidiano. Esta magnífica obra ressalta os animais da fauna brasileira, retratando a figura das mucamas nas tarefas domésticas, as “escravas de ganho”. Pintura riquíssima de conteúdo: uma infinidade de elementos inseridos do cotidiano brasileiro. Veem-se também espécies raras da fauna, como os animais que participavam da vida doméstica, como também elementos da flora brasileira. Esta artista, embora tenha ganho a medalha de ouro no Salão Nacional da Academia Imperial de Belas Artes em 1890, desapareceu do meio artístico sem deixar outros vestígios.

Assim, o Século XIX preparou o grande salto para o modernismo brasileiro, reproduzindo, com as cores tropicais, a paisagem, a flora e a fauna brasileiras, antecipando o moderno que floresceu nos primeiros anos do Século XX.

Anita Malfatti, em 1917, quando esteve no estado americano do Mayne, pintou “O farol”, com forte acento expressionista, obra com a qual se fez representar anos depois na Semana de Arte Moderna de 1922. Naquele mesmo ano, pintou também o “Nu Feminino” revelando uma modernidade até então inédita na arte brasileira.

Monteiro Lobato criticou Anita Malfatti de modo injusto e agressivo, publicando na imprensa o artigo intitulado “Paranóia ou Mistificação”, o que arrefeceu o ímpeto modernista da pintora. A partir daí ela voltou ao estilo acadêmico do início da carreira.

O Século XIX, com suas artistas, representando o cotidiano, ou enaltecendo cenas de interior, deu um passo decisivo para a compreensão da história da arte brasileira, sem o qual não se poderia entender a modernidade e a contemporaneidade das artes brasileiras.

Estas artistas mulheres do final do Século XIX escreveram com pincéis e tintas parte da história brasileira por um viés artístico, em especial a vida citadina do Rio de Janeiro, então capital da República, a exemplo do que foi escrito por Machado de Assis na mesma época.

Machado descreveu de maneira inigualável o Rio Antigo: “O Olho do homem serve de fotografia ao invisível, com o ouvido serve de eco ao silêncio”


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Marta Fadel é colecionadora de arte e advogada atuante nas áreas de direito empresarial e tributária com especialização em Processo Civil, Civil e Empresarial.

É membro conselho da OAB/RJ, exerce os cargo de diretora Curadora do Instituto Cultural Sérgio Fadel, membro do Conselho deliberativo do MASP, Membro conselho do MAM/RJ, Amigos da Pinacoteca e conselheira do Prêmio Pipa de artes plásticas no ano de sua fundação.

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