
“Colheita de café”, de Djanira (1914-1979). A temática popular, que domina a obra da pintora, também comparece na presente obra, notável pelo movimento, entre tantas outras de uma pureza mais estática bastante típica da artista. Crédito: Coleção Particular.
A palavra Temperança vem do latim temperatio. Significa moderação, contenção ou autocontrole.
A Temperança é sintoma da maturidade e nos conduz ao cumprimento dos nossos deveres , na medida em que contém os nossos instintos e paixões e modera nossos impulsos e apetites.
Agir com temperança é abrir caminhos para a sobriedade e o desapego. “A temperança é o sentido da medida”, disse o Papa Francisco, que associa a palavra ao equilíbrio que nos permite escolher o melhor caminho, para o corpo e para a alma.
Por isso, a temperança se opõe à gula, ao consumismo, à incontinência verbal e a todo tipo de exagero.
A obra de Djanira simboliza uma cena de colheita de café, um dia de trabalho no campo. O tom avermelhado da terra, cor telúrica, une a cor do solo ao trabalho social.
Sua aproximação com a pintura, para a qual ela demonstrou aptidão inata, deu-se, pode-se assim dizer, de forma terapêutica, enquanto se recuperava em um sanatório de tuberculosos.
A evolução e reconhecimento de sua obra, adquiridos pouco a pouco, à base de muito esforço e aplicação a esse ofício.
Com o passar dos anos, tendo vivido momentos difíceis atormentada pela doença, no início da carreira, sua expressão se tornou mais pessoal, mais espontânea, mais rica e mais colorida. Foi então que seu mundo encantado explodiu com uma linguagem mais madura e muito autêntica.
Tendo, portanto, lidado durante um período de sua vida com o isolamento e com a saudade, ocasionados por uma grande enfermidade, nos faz perceber que esses registros de solidão e sofrimento foram, de algum modo, redimidos pela cultura e pela produção artística. Artista singular na poética da arte brasileira.