<strong>A Arte e o legado da Semana de 1922</strong>

A arte pulsa vida, transformação e emancipação. A semana da Arte Moderna de 1922 é icônica sobre esses pilares. Ela revolucionou a arte brasileira em suas diferentes vertentes: escultura, pintura, literatura, música e poesia. Antes de seu acontecimento, os homens e as mulheres das artes no Brasil eram influenciados por padrões estéticos conservadoramente europeus. Aspecto este mudado com a semana de 1922, que capturou para o nosso país as expressões artísticas de seu próprio povo. Ela foi a catalisadora da autonomia e da liberdade da moderna arte brasileira. Finalmente, a arte também é conspiração identitária e contemporizadora!

Naquele tempo, como agora, o país atravessava um delicado cenário político, econômico e social. E como consequência, o movimento sofreu resistência daqueles preferentes da manutenção de uma inspiração europeia nas artes brasileiras. Mas a força opositora à mudança paradigmática não foi suficiente para impedir a autonomia e a evolução artística pátria. O movimento consagrou-se na história nacional como uma importante ação de construção e consolidação da moderna identidade do país impactando através do tempo na sua atualidade cinematográfica, literária, musical, poética, publicitária, televisiva e virtual.

A semana de 11 a 18 de fevereiro de 1922 foi sobretudo uma ode à livre expressão da criatividade. Portanto, romper com padrões artísticos supostamente superiores também é arte, cultura e reivindicação. À época, os padrões estéticos vigentes foram ultrajados sem que a ofensa tivesse resultado em algo humanisticamente deplorável. O resultado foi justamente o contrário: melhor e superior ao insultado. Assim, exigir uma identidade brasileira no universo das artes mostrou-se uma das mais acertadas ações da burguesia nacional, toda vez tratar-se a Semana da Arte Moderna de um movimento fundamentalmente elitista cuja boa parte de seus artistas catalisadores formaram-se em universidades europeias, em prol da brasilidade. E como consequência e reconhecimento dessa identidade brasileira intrinsicamente olvidada no âmago de sua sociedade, esses novos padrões artísticos descansaram com legitimidade em seu colo, eis que uma vez referenciados e resgatados por expoentes iluminados de sua burguesia, o restante do conjunto da sociedade brasileira referendou a sua qualidade inseparavelmente conectada às raízes nacionais.

Destarte, não há como deixar de destacar a importância civilizatória e social de uma educação de qualidade, pois os princípios vanguardistas influenciadores da moderna arte brasileira resultantes da Semana de 1922 foram adquiridos e alcançados por seus patrocinadores intelectuais nos circuitos acadêmicos europeus. Estas ideias foram introduzidas na academia brasileira. E a arte com a educação caminham de mãos juntas obrando pela emancipação humana. Que o legado de Anita Malfatti, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Graciliano Ramos, Guilherme de Almeida, Heitor Villa-Lobos, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Menottti del Pichia, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Sérgio Milliet e Tarsila do Amaral, dentre outros, continue a influenciar a alma e a mente do povo brasileiro, inspirando-nos em prol de um país com autonomia criativa em sua rica diversidade cultural, com identidade própria, transformadora e vanguardista em sua realidade artística, política e social.

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Marta Fadel é colecionadora de arte e advogada atuante nas áreas de direito empresarial e tributária com especialização em Processo Civil, Civil e Empresarial.

É membro conselho da OAB/RJ, exerce os cargo de diretora Curadora do Instituto Cultural Sérgio Fadel, membro do Conselho deliberativo do MASP, Membro conselho do MAM/RJ, Amigos da Pinacoteca e conselheira do Prêmio Pipa de artes plásticas no ano de sua fundação.

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